“Os ritmos assim nascidos traduzem toda a idiossincrasia deste povo e constituem, antes de mais, verdadeiras crónicas vivas e expressivas da sua vida, como companheiros de trabalho, exprimindo a alegria, a nostalgia, a esperança, o amor, a jocosidade, o apego à terra, os problemas existenciais bem como a própria natureza” – Margarida Brito
Só depois da independência de Cabo Verde em 1975, é que o funaná passa a ser assumido de forma plena como género musical nacional.

Estátua Homenagem a Carlos Alberto Tavares – Katchás
A Evolução do Funaná, está ligada ao surgimento do grupo Bulimundo
Apesar de muito difundido, inclusive, nas roças de S.Tomé e Principe para onde os cabo-verdianos eram levados como contratados para as plantações de cacau e café, alguns estudiosos afirmam que a assunção plena do funaná está ligada ao surgimento do grupo Bulimundo, criado em 1978, por Katchás.
Com instrumentos eléctricos e uma sonoridade mais urbana e moderna, Bulimundo retira o funaná dos limites do regionalismo, lançando-o para o público das outras ilhas e da emigração.
Na década de 80, fase em que se verifica uma verdadeira explosão da produção discográfica da música cabo-verdiana, a sua presença é digna de destaque.
Já nos últimos anos da década de 90, passa-se a uma nova fase, em que a gaita, que na fase de modernização tinha sido posta de parte, surge como instrumento solista acompanhada do velho ferrinho, mas sem desprezar o reforço rítmico do baixo, guitarra e bateria. Um novo filão é então descoberto.
Codé di Dona, Sema Lopi e Bitori Nha Bibinha são veteranos do funaná tradicional que só na década de 90 do século XX conseguem gravar os seus discos, após o sucesso comercial dos Ferro Gaita.
A bo Bitori di Praia Baxu, eh eh ku bu kaxola
Oh oh ka da pa nada, nu ta brinka só iá iá
Mosinhus ka nhos fla nada, eh eh Codé di Dona
Oh oh ku si gaitona, nu ta brinca só iá iá, oh iá iá
Este grupo, criado em 1996, é que dá origem a essa nova fase do funaná, recuperando os instrumentos tradicionais.
Outros nomes nessa linha: Belo Freire, Julinho da Concertina, António Sanches, grupo Petural.
Bulimundo, liderado por Katchás, é o grupo que lançou o funaná eléctrico e electrizante para o público urbano, conquistando o país e a diáspora.
Segue-se o Finaçon, que dura até meados dos anos 90. Em ambos, destaque para a voz de Zeca de Nha Reinalda. Outros intérpretes do funaná eléctrico, mais recentes: Kino Cabral, Beto Dias, Chando Graciosa.
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